quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

QUEM PODE PROTEGER A DEMOCRACIA II

Muito se tem falado de Donald Trump e dos seus primeiros dias a frente dos Estados Unidos. Para mim, encarna tudo o que há de mal no ser humano. Não sabe o que é a diplomacia, trata da política com o eu quero, eu posso, eu mando. Não ouve ninguém, muito menos vozes que venham do outro lado da fronteira. Organiza a sua administração como se fosse uma empresa sua, e implementa a lei do esclavagismo, própria das raízes dos estados sulistas que tanto contribuíram para a sua eleição. Não existe ninguém ao seu nível, ele é superior a Deus, Alá e outros. Só lhe falta publicar um livro com o título “My fight” para ter a panóplia necessária para converter o povo Americano, no ser vivo de eleição, o único a poder respirar o ar que preenche a nossa atmosfera, pois para os restantes, há-de sobrar o dióxido de carbono. Não tenho dúvidas que noutros tempos, este Donald seguiria uma lista extensa de ditadores que aprendemos a ler nos nossos manuais de história, tais como Hitler, Stalin, Mussolini, Pinochet e Kim Jong-Il. Mesmo assim, não podemos dormir completamente descansados, apesar dos tempos serem diferentes, a sua persistência não tem limites. Menos descansados ficamos ainda, sabendo que tem uma base de apoio popular conquistada em poucos meses.  Não me canso de repetir que um dos maiores criminosos que a humanidade teve a tristeza de conhecer, falo pois de Hitler, foi eleito democraticamente. Mas ao contrário de Donald, Adolf ainda precisou de mais de uma década de propaganda e alguns meses de prisão para chegar a chanceler Alemão.

Esta eleição surpresa do outro lado do Atlântico provocou uma onda de esperança dos partidos de extrema-direita na Europa. Reconheço que me chocou ver aquela reunião de populistas na Alemanha no passado mês de Janeiro, liderada pela Marine Le Pen, a filha do histórico presidente da FN Jean-Marie Le Pen. Para termos um pouco a noção do calibre intelectual dessa pessoa, basta relembrar que ela sempre afirmou, de uma forma convicta, que as câmaras de gás foram um detalhe da história. Pois bem, a filha desse senhor tem já garantido um lugar para a 2º volta das Presidenciais em França (segundo as sondagens). É certo que não é crível que saia vencedora, no entanto, é assustador pensar que um dia possa ganhar. Esse descalabre aconteceria no país que ensinou todos os outros a se livrarem das tiranias das monarquias, e que conta na sua história com uma tradição vincadamente laica e culturalmente pluralista. Mas afinal, a liberdade poderá colocar em risco a democracia? Para mim a resposta é muito simples. A história mostra-nos com clareza que não podemos deixar qualquer tipo de doutrina ser impingida às massas sob o pretexto de existir liberdade de expressão. Ideologias como as que são defendidas por pessoas como Marine Le Pen e Donald Trump não podem ter lugar no nosso mundo. As próprias democracias como medida de autoprotecção deverão proibir qualquer manifestação intelectual sob esses desígnios. A maneira mais simples de concretizar esse ideal é simplesmente transcrevendo-o nas constituições e continuar a dar independência ao poder judicial.

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