Desde 2008, com a entrada da grave crise económica nas
nossas vidas, que ouvimos sem parar, de todos os políticos que têm direito ao
tempo de antena, que o país precisa de crescimento económico. Um actual
candidato a candidato a primeiro ministro, diz mesmo ter uma agenda para o
crescimento em caso de vitória. Infelizmente, de todos que falam em
crescimento, nenhum ainda foi capaz de nos dizer como fazê-lo. Todos nós já
sabemos, que uma política Keynesiana à custa do défice orçamental, para ir em
contra-ciclo com o panorama actual é completamente impossível. Resta-nos ir à
raiz do problema.
Da teoria clássica, sabemos que a riqueza produzida por um
país (vulgarmente denominado PIB) é função da mão-de-obra disponível, do stock
de investimento e da tecnologia existente. Uma alteração na mão-de-obra, só
produz efeito a médio-longo prazo numa economia. O que nos resta, para obter
resultados a curto prazo, é uma alteração no stock de investimento (ou
capital). Para isso é então necessário estimular o investimento. Aí surgem duas
possibilidades, ou recorremos a capital Português, ou estrangeiro.
Infelizmente, a poupança nacional acumulada, não nos permite sonhar com
investimento suficiente para alterar o quadro económico actual, pelo que, resta-nos
convencer o capital estrangeiro à investir no nosso país. E foi precisamente aí
que nada foi feito desde 2008.
Quando um investidor decide aplicar o seu capital num país,
os factores que condicionam a sua decisão são: o custo de produção, a lei
laboral, o regime fiscal, a eficácia da justiça e a celeridade do licenciamento
industrial. Quanto à lei laboral, pouco se poderá fazer, visto que estamos
amordaçados por uma constituição que não nos dá grande margem de manobra. No
entanto, penso que podemos, e devemos fazer muito mais, a nível fiscal, judicial e administrativo . A receita parece
simples, pois, do ponto de vista fiscal bastaria criar um sistema estável para
as empresas, pois ninguém investe o seu dinheiro num país, onde o fisco altera
as regras do jogo várias vezes ao ano. Seria necessário elaborar um documento
transversal a qualquer governo de modo a fomentar a estabilidade por um longo
período de tempo. Do ponto de vista judicial, é urgente criar mecanismos que
permitem resoluções de conflitos em tempo oportuno. Pois, há exemplo de casos
que se arrastam nos tribunais por mais de uma década. Finalmente, é totalmente
impossível atrair investimento, quando um licenciamento industrial pode demorar
vários anos. São tantos os trâmites legais, que desencorajam qualquer pessoa de
bom senso a iniciar um investimento em Portugal.
A pergunta que se impõe é: o que foi feito em relação a essas
matérias nos últimos 6 anos? Pois bem, a resposta é simples, nada. Seis anos é
pouco tempo, mas é mais que suficiente para, pelo menos resolver alguns dos
problemas apontados.