segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

A ORIGEM DA NOSSA CRISE

Há mais de quatro anos que vemos os maiores especialistas das áreas da política e economia dissecarem o estado Português como se de um cadáver putrefacto se tratasse. Ao longo desse tempo, todos conseguiram descrever o cancro que matou o doente, escapando-lhes no entanto a origem do mesmo. Á esquerda, diz-se que o capital, numa óptica de lucro desenfreado a custa do proletariado foi o responsável pela hecatombe financeira. Á direita, diz-se que Portugal não soube ser competitivo numa União Europeia com moeda única. Finalmente, o povo reclama que a culpa é dos políticos que endividaram o país a troco de quase nada.
A verdade será um pouco disso tudo, e um pouco mais. É verdade que o subprime Americano veio antecipar o que estava a vista há já algum tempo. Uma crise financeira com origem em empréstimos de cobrança duvidosa do outro lado do Atlântico no valor de biliões de dólares, em que se sucederam crises de dívida soberana nos PIIGS (acrónimo pejorativo para o conjunto de países constituído por Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha). Essas crises financeira, deram lugar a crises económicas, resultando no final em crises sociais.
No entanto, o cancro do Estado Português teve origem a 2 de Abril de 1976 quando a Assembleia Constituinte aprovou a Constituição da República Portuguesa. Os criadores do ADN da política nacional, com o medo de ver outro ditador reinar num país recém livre, atribuíram os poderes a uma assembleia dominada por partidos políticos. Essa forma de organizar a vida política está na origem de todas as doenças de que padece o nosso país. O sistema instituído, apenas permite que o lugar de Presidente da República esteja acessível a qualquer cidadão sem ligação a qualquer partido político. Mas o problema não acaba aqui, pois esse órgão de soberania apresenta poucos poderes no que diz respeito a governação propriamente dita. Perante o cenário criado há mais de trinta anos, ficamos encurralados por uma nova forma de ditadura - a dos partidos políticos. Nas últimas três décadas, os partidos (PS, PSD e CDS) têm repartido o banquete da governação entre eles, criando famílias extensas cada vez mais difícil de alimentar. Parece-me óbvio que a nossa cultura não permitiu que este sistema político fosse eficaz, pelo que é urgente a sua reformulação de modo a permitir a entrada de cidadãos independentes para a vida governativa. 

3 comentários:

  1. Até que enfim! Parabéns pelo primeiro post. Aguardo os próximos.

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  2. Claro que era bom que independentes entrassem para a política , mas enquanto isso não se concretiza ... que tal se os jovens entrassem em força nos partidos ... e forçassem uma grande revolução ... de mentalidades ?
    Não compreendo porque razão os jovens deste País não entram nos partidos . Estão a demitir-se do seu futuro
    ... preferem a vida fácil à vida de luta em prol do progresso e desenvolvimento social ...

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    1. Parece-se difícil cidadãos com capacidade e com boas intenções serem vozes activas nos partidos. A subida para lugares de destaque num partido faz-se a custa de favores e pagamento de favores. Toda a boa vontade inicial vê-se corrompida a partida.

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