Durante muito tempo fui um acérrimo defensor de cortes na
despesa pública, pensando que seria a única solução para evitar a queda no
abismo. Contudo, passados esses últimos anos de cortes na despesa e agravamentos
da carga fiscal assistimos a explosão da crise social. Grandes pensadores da
economia divergem quanto as soluções, e é certo que nas condições em que nos
encontramos, nem este, nem qualquer outro governo é capaz de inverter este
ciclo que se arrisca a ser o mais devastador dos últimos 100 anos. Atingidos os
16,9% de taxa de desemprego e com tendência a subir, conclui-se finalmente que
o caminho não é este. No entanto, sem ajuda, é o único que podemos percorrer.
Resignamos-nos a esta fatalidade?
Não!!!
Precisamos urgentemente de um plano de investimento público maciço
para contrariar o ciclo económico presente, e só depois, podemos pensar em consolidar
as contas públicas. E o que é que a Europa pode fazer por nós? Simplesmente
promover uma política Europeísta, que não se esgota apenas ao livre-trânsito de
bens e cidadãos. Necessitamos de um verdadeiro federalismo com políticas orçamentais
conjuntas. Precisamos principalmente de financiamento ao estado por parte do
Banco Central Europeu através da emissão de moeda. Isso por si só resultaria
imediatamente em custos de financiamento reduzidos e desvalorização do Euro que
permitiria maior competitividade com os mercados extra-Europa. Contra essa
solução temos uma Alemanha apenas preocupada consigo mesmo e com medo de
fantasmas antigos. Acredito que essa mesma Alemanha que conseguiu destruir por
duas vezes a Europa num curto espaço de tempo (1914-18 e 1939-45) tem uma oportunidade
histórica para se redimir das páginas negras que conseguiu escrever com o
sangue de perto de 70 milhões de pessoas.
Uma coisa é certa, sem a ajuda exterior, não temos outro
destino se não a pobreza.
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