Não
sendo do tempo desse marco da democracia Portuguesa, tive que pesquisar a
origem da música "Grândola, Vila Morena". Reza a história que esse hino à
liberdade nacional foi composto como homenagem à "Sociedade Musical Fraternidade
Operária Grandolense" por Zeca Afonso, e foi cantada pelo mesmo a 17 de
Maio de 1964. Tornou-se símbolo da nova era política ao ser escolhida como
senha para a revolução de 25 de Abril. Às 00:20 do dia de 25 de Abril de 1974,
a Rádio Renascença transmitiu a música servindo de sinal para o arranque das
tropas.
Quase 40
anos depois, mergulhados na maior crise financeira, económica e social dos
últimos 100 anos, surge de novo esse cântico da salvação. No entanto o
resultado é bem diferente. As manifestações não passam de uma reunião de
pessoas cansadas pela pobreza que emerge em pleno século XXI, com o grito de
ordem – Políticos para a rua – ao som do cântico libertador "Grândola, Vila
Morena". A iniciativa seria boa se resultasse em alguma coisa, o que não é o
caso. Passar o dia a cantar sem que nada se suceda é uma completa perda de
tempo. Os políticos causadores da desgraça já cá não estão, e estes desgraçados
que continuam a olhar para as suas vidas pouco se interessam que diariamente
haja um festival da canção ao som da cantiga de Zeca Afonso. Para quem quer
mais e pensa que temos alternativas válidas dentro do nosso país tem que passar à fase seguinte. Como há 40 anos atrás, a música tem de servir de senha para a
revolução ou não passa de manifestação estéril de conteúdo.
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