terça-feira, 26 de agosto de 2014

DESPESA PÚBLICA

Ao fim de algumas páginas do meu jornal, deparo-me com o que eu penso ser uma notícia, com o título – “Ministro da Economia Prejudica País”. A  minha curiosidade leva-me a ler as primeiras linhas, o que me permite constatar de seguida, que afinal não é uma notícia, mas sim um comunicado do Automóvel Club de Portugal (ACP). O comunicado em jeito de notícia, refere-se à retirada do apoio financeiro ao WRC Rally de Portugal por parte do Ministério da Economia. Continuo com a minha leitura, e surpreendo-me com a argumentação da queixa do ACP. Pois, para criar mais impacto no leitor, o autor, segue o caminho da comparação com outro investimento levado a cabo pelo estado. Refere o apoio dado à empresa EasyJet no valor de 900.000,00€ para a criação de uma base no Aeroporto Francisco Sá Carneiro. O comunicado vai mais longe, e explica o retorno económico de cada um dos investimentos. Segundo o mesmo, o investimento público no WRC Rally de Portugal proporcionaria um efeito multiplicador de 54,42€, enquanto que o apoio à companhia low cost apenas atinge 31,01€. Não querendo aqui emitir opinião sobre a qualidade desses indicadores, realço apenas o facto, do comunicado descrever o problema da despesa pública apenas numa vertente económica.

A despesa pública direccionada para o investimento tem que obedecer a dois critérios. Deverá proporcionar retorno económico, e desse modo fluir para a economia mais-valias,  e/ou obter retorno social, originando uma melhoria na qualidade de vida da colectividade. Antes de qualquer investimento com dinheiros públicos, o decisor (tanto na administração local como central) tem que analisar com base em dados concretos as duas vertentes, e se possível atingir proveito em ambas. Para isso, os organismos estatais encontram-se servidos de recursos humanos suficientes para analisar qualquer despesa de capital com essa profundidade. Dito isto, não se percebe portanto, o porquê de alguns investimentos. Resta-nos a nós, cidadãos, o poder quase divino, de poder avaliar no final de cada ciclo eleitoral, se o nosso dinheiro foi bem aplicado ou não.     

Nota:

O efeito multiplicador, ou também conhecido por multiplicador Keynesiano, traduz o aumento do produto por cada unidade monetária gasta pelo estado. No caso concreto, o ACP refere que por cada 1,00€ investido pelo estado no WRC Rally de Portugal, resulta um retorno económico directo de 54,42€. 

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