Basta! Ao fim de 6 anos de sacrifícios ainda somos brindados com mais
um escândalo financeiro que acaba com um dos maiores grupos financeiros do
nosso pequeno país. Não se trata de um fim consequente da crise económica e financeira
que vivemos, mas sim devido a fraude perpetuada ao longo dos anos. Esse
comportamento só foi possível, num sistema político que nos vem apregoando nas
últimas décadas os méritos do liberalismo, fazendo do estado regulador, o
grande “papão” que se há-de transformar em ditadura sangrenta. Mas a maior das
ironias é precisamente o estado vir em ajuda aos liberais nas horas de maior
aflição, atirando para a fogueira milhares de milhões de euros a custa dos
trabalhadores que nada pediram.
Desde a entrada do actor transformado em político, Ronald Reagan, na
casa Branca, e passando pela ultraliberal Margaret Thatcher do Reino Unido,
fomos ouvindo que o estado não pode ter um papel tão grande na sociedade, e
tudo fizeram para diminuir o seu tamanho. Outros se seguiram, um pouco por todo
o mundo, incluindo no nosso Portugal, que se apressaram de colocar nas mãos dos
privados todos os negócios estatais fundamentais para o bom e justo
funcionamento da nossa sociedade, lembro apenas a GALP e a EDP.
Esta última década tem que marcar definitivamente o fim de uma
sociedade desregulada, governada apenas pelo apetite voraz dos interesses
privados. Não sou a favor de um estado que esteja presente em todas as áreas de
negócio de uma sociedade, mas acredito plenamente que o estado deve estar
presente em certas áreas estratégicas, tais como a saúde, educação, finança e
energia. Estes últimos anos têm como único aspecto positivo o facto de nos
mostrar que a iniciativa privada não pode tomar conta de toda a actividade económica
de uma sociedade, sob pena da própria democracia correr o risco de dar lugar a
um estado ditatorial apoiado por uma retórica extremista. Como nos ensina a
história, os líderes absolutistas sobem ao poder em momentos de graves crises
económicas. Basta recuarmos a década de 1930 para analisarmos a ascensão do
partido Nazi liderado por Hitler na Alemanha.
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